domingo, 27 de março de 2016

Da Quinta-feira Santa à Pascoa, pela mão do Papa Francisco


Cidade do Vaticano, 23 mar 2016 (Ecclesia) - O Papa Francisco apresentou na passada quarta-feira no Vaticano uma reflexão sobre o Tríduo Pascal, itinerário celebrativo que leva da Quinta-feira Santa à Páscoa, que considerou como o “coração do ano litúrgico” na Igreja Católica. 
“O Tríduo Pascal é o memorial de um drama de amor que nos dá a certeza de que nunca seremos abandonados nas provações da vida”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal. 
“O Mistério que veneramos nesta Semana Santa é uma grande história de amor que não conhece obstáculos”, acrescentou. A Igreja Católica começa esta quinta-feira a celebrar os dias mais importantes do seu calendário litúrgico, que assinalam os momentos do julgamento, morte e ressurreição de Jesus, culminando na Páscoa. 
“Na Quinta-feira Santa, com a instituição da Eucaristia e o lava-pés, Jesus ensina-nos que a Eucaristia é o amor que se faz serviço”, explicou o Papa. Segundo Francisco, a Eucaristia é “a presença sublime de Cristo” que deseja alimentar todos, “sobretudo os mais fracos”, promovendo uma “comunhão de vida” com os necessitados. 
Este conjunto de celebrações do Tríduo Pascal remontam ao século IV, seguindo as indicações deixadas pelos Evangelhos sobre a Paixão de Jesus Cristo, que para o Papa “dura até o fim do mundo, porque é uma história de partilha com os sofrimentos de toda humanidade”. 
“Na Sexta-feira Santa chegamos ao momento culminante do amor, um amor que quer abraçar todos sem excluir ninguém, com uma entrega absoluta”, afirmou. 
O Sábado Santo, tal como a sexta-feira, é um dia dito ‘alitúrgico’, isto é, sem celebração da Eucaristia ou de outros sacramentos, o “dia do silêncio de Deus”, referiu o Papa. “Deve ser um dia de silêncio. Devemos fazer de tudo para que seja um dia de silêncio para nós, como foi naquele tempo, o dia do silêncio de Deus”, apelou. 
Neste dia, explicou Francisco, “Jesus partilha com toda a humanidade o drama da morte, não deixando espaços onde a misericórdia infinita de Deus não chegue”. 
“Neste dia, o amor não duvida, como Maria, a primeira crente - ela não duvidou, guardou silêncio e esperou. O amor que espera com confiança na Palavra do Senhor até que Cristo ressuscite esplendoroso no dia de Páscoa”, prosseguiu. 
Para explicar este silêncio, Francisco citou a experiência de Santa Juliana de Norwich (1342-1416), mística inglesa, que teve uma visão da Paixão de Cristo na qual Jesus afirmou que, se pudesse, teria sofrido “ainda mais”. 
“Este é o nosso Jesus, que diz a cada um de nós: se pudesse sofrer ainda mais por ti, assim faria”, concluiu.